janeiro 27, 2003

Gosto de infância

Dia desse passei na padaria aqui perto de casa e vi lá um pirulito daquele de caracol todo colorido... não resisti e compre logo um monte...
Aquele gosto de infância, que lembra fatos da infância, nossa que vontade ser criança novamente...aquela inocência, alegria simplesmente pela alegria, sem preconceitos, sem cobiça , escolher só com o que diz o coração, chorar sempre que der vontade, falar tudo o que pensa (mesmo que isso vá deixar sua mãe de cabelo em pé), satisfazer- se com tão pouco, fartar-se de coisas tão simples, ao mesmo tempo que sente doer , sente o alivio ao ganhar um beijinho e ao ouvir que já sarou!!!!
Eu tive uma infância das melhores... não trocaria ela pela do Riquinho nunca (o filme). Vocês sabem aqui em Minas Gerais todo mundo te um pé na fazenda, todo mundo tem uma história de queijo fresco pra contar!!! Pois é eu ia todo final de semana pra fazenda desde que me intendo por gente, embora tenha cara de quem foi criada dentro de um apartamento, lembro de várias coisas desses livres finais de semana, pés no chão sem maiores fronteiras...No final de ano, o reveillon era sempre na fazenda onde a família da minha mãe era toda reunida os avós maternos(hoje minha avó falecida a dois anos), filhos , netos e bisnetos, o que dão no total hoje 103 pessoas (isso so de parentes de no máximo segundo grau, que no meu caso são os primos), isso mesmo, meus avós tiveram 18 filhos (morreram 6, só reproduziram 12), mas agente tem que dar um desconto, né?, naquela época não existia televisão, Net, TV a cabo, nada disso. E é claro com base nos Patriarcas a família inteira se reproduziu e reproduziu muito . Agora vocês imaginam que uma família desse tamanho quase não tem fofoca, né??!! Todo dia agente descobre uma coisa nova... mas deixa isso pra lá afinal parente já não é bom lá essas coisas e eu com esse tanto (isso pq ainda nem contei os da parte de pai) o máximo de esforço que faço é tentar lembrar o nome quando encontro com eles na rua...por que haja tico e teco, viu!!
Minha avó muito cuidadosa, preparava tudo com uma amor que ninguém acredita e ela dizia que rezava todas as noites por cada um da família e quando um da família não estava lá no almoço do dia 1º de janeiro, pronto... ela chorava e lamentava profundamente (morro de saudades dela).
Lá os animais jamais foram maltratados, jamais vi um cabalo levando uma chicotada, jamais vi um cachorro sendo chutado ou um ninho sendo devassado e crianças aprende com exemplos !!
Durante muito tempo na fazenda não tinha energia elétrica , então usávamos lamparina e a noite depois de tomar banho com água quente do fogão de lenha e jantar (o feijão e o frango mais delicioso do mundo e que ninguém nunca vai fazer igual, mas esse já é o gosto da saudade) íamos (os mais novos) para uma a parte de cima da casa onde eram os quartos e tinha uma sala, tinha uma mesa que tinha como sustentação (aquela parte do meio) um local para guardados com uma portinha e lá dentro ficavam os livros, livros de história , sobre receitas alternativas, enfim todos os assuntos... e ficávamos ali os primos mais velhos ora liam para os mais novos ora ensinava a jogar baralhos e logo o sono chegava, no outro dia ao cantar do galo já estavam todos os pestinha de pé... com seus copos (cheios quick de morango), indo eufóricos para o curral para tomar leite quente (pra quem não sabe o leite quando acabado de tirar sai quente), lembro que passava do dia todo em meio a pés de goiaba (que amo) , manga (lá tinha todos os tipos de manga), jabuticaba, mamão, jambo (acho que nunca comi um jambo sem ser tirado na hora do pé), amora(que é minha outra paixão), tangerina, abacate (esse era o meu pé preferido, passava o dia lá em cima com uma xícara de açúcar, hoje eu odeio abacate) lá tinha de tudo , tinha até pêssego (que não é nada comum nessa região por causa do clima) tudo bem não eram grandes e nem robustos, mas eram doces, enfim aquele sim... é um lugar abençoado por Deus.
Lembro de uma vez que eu e meu primo Clesio (hoje veterinário e entende muito bem de cavalos) estávamos andando a cavalo os dois juntos e estávamos passando dentro de um córrego rasinho e tinha galho de árvore bem na nossa altura eu (estava na frente mas quem comandava o cavalo era ele) me abaixei e ele estava distraído e não viu... adivinha??!! Foi para na água! Sorte que o cavalo era tão manso e acostumado com crianças que o próprio parou , porque naquela época eu não tinha idéia de como guiar um cavalos e eu nem ri na hora, porque levei tanto susto do tombo do outro. Hoje me lembro e choro de rir de lembrar dele lá na água todo sujo!
Aprontei algumas também na cidade tipo:
pular a janela e cair com a cabeça no cimento e trincar a cabeça (essas minhas insanidades tem explicação como vocês podem perceber).
Quebrar a TV brincando de homem aranha com meu irmão.
Acabar com o estojo de maquiagem da minha mãe tentando fazer meu irmão virar o incrível Hulk fora as roupas novas rasgadas.
Comi um litro de melado de cana de açúcar sozinha em um único dia....claro passei próximos três dias no hospital.
Comia os batons da minha mãe, mas o que eu mais gostava era o de moranguinho (aquele da Avon).
Entre um joelho ralado e outro eu brincava de Barbie, quebra cabeça e de colorir entre outros!!
E ai alguém que um pirulito ai???!! Mas já vou logo avisando que pirulito é bom para a memória!!!!

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